Lano Alto Lab: café e loja de produtos artesanais, direto da fazenda

Bolo leve, úmido na medida e com açúcar dosado com sabedoria: de cacau e azeite, servido com ameixas frescas

É cada vez mais comum encontrar cidadãos profundamente urbanos que mudam para o campo e começam a produzir orgânicos, queijos especiais, café, fermentados: a pressão imposta pelo modelo social atual e a incessante busca pelo “sucesso” (seja lá o que ele for) acabam por sufocar as pessoas a ponto do cotidiano parecer desprovido de sentido. Então, o retorno a um estilo de vida mais natural (porém não menos duro!) e o contato com a terra é uma saída que une possibilidade de ganhar dinheiro a um dia-a-dia que fale mais ao âmago, que tenha propósito. Esse foi o caso dos fundadores da fazenda Lano Alto, Yentl Delanhesi e Peèle Lemos.

Kombucha de lírio-do-brejo do Lano Alto Lab: das mais equilibradas que já tomei

O casal de publicitários começou a usar sua casa de campo como um refúgio, no qual produziam doce de leite e queijos, davam cursos (como construir cabana de madeira e produzir  pamonha desde a colheita do milho, por exemplo) e plantavam orgânicos. Quase sete anos após o início dessa incursão ao interior, os fundadores mudaram de vez para a propriedade instalada em Catuçaba, cerca de 200 km de São Paulo. Depois de virarem uma sensação nas redes sociais, especialmente entre a elite endinheirada/hipster paulistana – seus produtos e workshops esgotavam rapidíssimo -, eles decidiram abrir um café em São Paulo, o Lano Alto Lab.

O menu de almoço conta com dois pratos que mudam semanalmente. Aqui, Polenta com ragu de tomate, quiabo grelhado, queijo romano e cebola fermentada no mel (R$ 32)

Sucursal paulistana da fazenda, o Lano Alto Lab vende produtos preparados na fazenda – como a ótima mostarda fermentada com soro de leite e o doce de leite – e tem curto menu de pratos e doces ao qual o termo farm to table se aplica com perfeição.

Ambiente do Lano Alto Lab: poucas mesas compartilhadas, itens produzidos na fazenda à venda e água cortesia

Os queijos, embutidos, kombucha e doce de leite são produzidos na Lano Alto. O milho da polenta com ragu de tomate, quiabo grelhado, queijo romano e cebola fermentada no mel (R$ 32), também, assim como a maioria dos vegetais. O que não vem de lá é fornecido por produtores amigos e parceiros, todos com técnicas mais sustentáveis e artesanais, caso do pão (da Farinoca), dos bons cafés e da manteiga fermentada.

Kombucha e Abóbora de pescoço grelhada, sedoso creme de queijo, trigo, copa artesanal e rúcula (R$ 29)

O cardápio traz duas opções, sendo uma sem carne. No dia em que estive lá eram a polenta que citei acima e a lâminas de abóbora de pescoço grelhadas, creme de queijo, trigo, copa artesanal e rúcula (R$ 29). Diminuta no tamanho, grande no sabor. Na semana anterior apareceram por lá o frango caipira cremoso com requeijão de corte, milho roxo e agrião (R$ 35) e a salada de abóbora assada com tomate confitado, ricota cremosa e cebola fermentada no mel (R$ 32).

Torta de abóbora com especiarias e creme com limão

Os doces são ponto altíssimo. Ali comi um dos mais delicados bolos dos últimos tempos: preparado com azeite e cacau, estava leve, com umidade e dulçor impecáveis. Outro acerto foi servi-lo com frescas fatias de ameixa. A Torta de abóbora com especiarias tinha massa fina, untuosa e crocante, que harmonizou lindamente com a acidez do creme com limão (R$ 15)

Ácidas, crocantes, delicadas: as sementes de mostarda são fermentadas no soro de leite

Não deixe de pedir o Kombucha do dia (R$ 14), especialmente se for o de Lírio-do-brejo: aromático, sem residual exagerado de açúcar e ácido na medida.

Aos sábados há brunch, no qual pretendo ir em breve.

Não há serviço de mesa: peça tudo direto no balcão.

Comente

Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados