Acarajé da Inês: para comer como se não houvesse amanhã

O acarajé lindão do Acarajé da Inês

Maria Inês dos Santos veio de Ilhéus para São Paulo trabalhar como doméstica. Fechou o restaurante que tinha na Bahia e desistiu da paixão por cozinhar. Por algum tempo. Alguns anos depois, montou uma barraca de acarajé, aos domingos, sua folga, numa feira do bairro de Santana. Dez anos se passaram até que conseguiu abrir o primeiro Acarajé da Inês, na Vila Medeiros, perto do Mocotó. Então, há alguns meses, foi a vez da segunda casa inaugurar, agora em Santana, onde começou.

Caipirinha preparada com cachaça artesanal baiana

Ambiente simples, amplo, arejado, com cara de restaurante de praia. Serviço meio confusinho mas simpático. E comida boa, farta, daquelas que dá vontade de passar o resto da tarde petiscando e, então, se jogar numa rede e pedir pra alguém abanar. Leseira velocidade 0,01… Pelo nome da casa, vê-se que a estrela maior é, claro, o acarajé. E com razão: bolinho de feijão fradinho frito no azeite de dendê de exterior moreninho e crocante e interior leve e macio, bem recheado com vatapá cremosão, camarões secos e vinagrete à parte (R$ 8,50). É tão avantajado que, se bobear, você não come mais nada. Mas coma. Antes, peça a bem preparada caipirinha com cachaça artesanal baiana (R$ 12). Se não quiser fritura, vá de Abará (mesmo bolinho, no vapor,  com os mesmos acompanhamentos; R$ 8,50).

Porção GG de Bolinho de mandioca com queijo do Acarajé da Inês

Ainda na seção de entradas, gostei do Bolinho de mandioca com queijo (6 unidades imensas, R$ 24,20). Bem diferente da consistência que costumamos encontrar, nele a mandioca é parte transformada em purê e parte amassada levemente com o garfo; depois, junta-se cebola picada e salsinha, enrola-se um tiquinho de mussarela e… óleo. As bolonas ficam mega cremosas e ainda mais saborosas com umas pitadas da pimenta da casa, porreta. Ah, notícia boa para quem não suporta pimenta (com pode, meu Deus? Como pode?!): todos os pratos vem sem uma gota dela. Medida preventiva da Inês para quem tem alergia.

Caruru completo: caruru, vatapá, xinxim de galinha, farofinha de dendê, arroz branco e um bolinho de acarajé

Uma vez com o estômago já bem forrado, hora de mergulhar na baianidade: Escondidinho de carne seca (R$ 20,90; para duas pessoas), Baião de dois (R$ 23,50; para duas pessoas), Quiabada (R$ 24,50; para duas pessoas), Bobó de camarão (R$ 49, 30; para duas pessoas), Sarapatel (cozido de miúdos de porco, sob encomenda), Moquecas de Peixe (R$ 46,70; para 2 pessoas) e de siri (R$ 46,80), entre outros.

Doce caseiro de abóbora com queijo mussarela ralado

Eu fui de imenso e saboroso – mas NADA fotogênico – Caruru completo: vatapá, xinxim de galinha, farofa de dendê com feijão, arroz (R$ 60,50; para duas pessoas famintas ou três pessoas normais). Para arrematar, um bolinho do acarajé caso você queira aproveitar o vatapá e o caruru (refogado de o quiabo, pimenta-malagueta, camarão seco e dendê) para uma recheada rápida. Aliás, por falar em dendê, um ponto importante: ele está presente, mas não domina o sabor. Não rouba o palco. Os temperos são equilibrados, suaves até. Pegada de comida caseira.

Pudim de tapioca com calda de laranja

Para adoçar, ambrosia, bananada, cocada, compotas, pudim de tapioca com calda de laranja, Cartola, Doce de abóbora com queijo (R$ 9, cada). Regulares, apenas. Melhor seja pedir mais uma caipirinha.

Tipo de restaurante para ir aos finais de semana, sem nada para fazer depois. Nem pensar. Apenas respirar.

Acarajé da Inês: Rua Francisca Julia, 524, Santana, tel.: (11) 2369-7001. Tem delivery na região.

Comente

Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados